Emprego dos Pronomes Demonstrativos


      Os pronomes demonstrativos são utilizados para explicitar a posição de uma certa palavra em relação a outras ou ao contexto. Essa relação pode-se dar em termos de espaço, tempo ou discurso. Vamos abordar aqui as situações em que o uso de demonstrativos é produtivo ou problemático para o falante, recomendando o uso dominante entre os falantes cultos.


1. Este, esse, aquele e suas flexões

     Utilizamos estas pró-formas para localizar os nomes no tempo, no espaço e no próprio texto:


  • No espaço:


  •      Vale para o uso dos demonstrativos a relação com as pessoas do discurso: este para próximo de quem fala (eu)esse para próximo de quem ouve(tu)aquele para distante dos dois (ele)



    Exemplos:

    Este documento que eu estou entregando apresenta a síntese do projeto.

    Se tu não estás utilizando essa régua, podes me emprestar por alguns minutos?

    Vês aquele relatório sobre a mesa do Dr. Silva? É o documento a que me referi.


         Em situações de fala direta (tanto ao vivo quanto por meio de correspondência, que é uma modalidade escrita de fala), são particularmente importantes o este e o esse - o primeiro localiza os seres em relação ao emissor; o segundo, em relação ao destinatário. Trocá-los pode causar ambigüidade.


    Exemplos:

    Dirijo-me a essa universidade com o objetivo de solicitar informações sobre o concurso vestibular. (trata-se da universidade destinatária).

    Reafirmamos a disposição desta universidade em participar no próximo Encontro de Jovens. (trata-se da universidade que envia a mensagem).


  • No tempo:

  • Este e suas flexões referem-se ao tempo presente ou futuro.


    Exemplos:

    Nestas próximas semanas, estarão ocorrendo as inscrições para o concurso vestibular.

    No final desta semana, o Diretor de nossa Unidade irá a São Paulo.

    Este ano de 2002 está sendo marcado pela violência no Oriente Médio.


  • Esse e suas flexões referem-se a tempo recentemente decorrido.


    Exemplo:

    Ninguém esquecerá os acontecimentos desse trágico 21 de setembro.


         
  • Aquele e suas flexões referem-se a um passado mais distante.

  • Exemplo:

    Falávamos daquele período em que as mulheres obtiveram o direito ao voto. 


         Evidentemente, não há limites precisos para o uso de esse e aquele, sendo a última palavra sempre determinada pela adequação ao contexto.


    • No discurso:
         Quando bem utilizados, os demonstrativos são eficientes elementos de coesão entre o que se está falando e o que já se disse ou irá dizer adiante. Deve-se utilizar este e suas flexões em dois casos: para adiantar o que se vai dizer ou para remeter a algo recém dito, quando esse já-dito comportar mais de uma retomada.


    Exemplos:

    Nosso povo sofre com mutos problemas, dentre os quais estes: miséria, fome e ignorância.

    Admiração, respeito, amizade? Talvez, pensava ela, este (último) seja o mais importante e perene dos sentimentos.


         Outra situação importante ocorre quando queremos retomar por demonstrativos mais de um elemento já mencionado.


    Exemplo:

    O velho, o índio e o negro são discriminados por motivos diversos: aquele, por ser improdutivo para a sociedade de consumo; esse, por ser considerado atrasado e preguiçoso; este, por não se ter libertado, ainda, do estigma da escravidão.


         Quando se quer retomar apenas dois elementos, elimina-se a forma intermediária esse.


    Exemplo:

    As crianças da classe média têm um futuro mais promissor do que os filhos de pais das classes menos favorecidas, porque àquelas se dão oportunidades que se negam a estes.


         Veja a ilustração para esses dois últimos casos:



    1. Emprego de esteesse e aquele em relação a três termos




    Este: indica o que se referiu por último.
    Esse: se refere ao penúltimo.
    Aquele: indica o que se mencionou em primeiro lugar.


    2. Emprego de este e aquele em relação a dois termos citados anteriormente 



    Este: indica o que se referiu por último.
    Aquele: indica o que se referiu em primeiro lugar.



    2. Mesmo, próprio e suas flexões


         Observe as frases:

    (a) Ele mesmo digitará o texto final.

    (b) Eles mesmos digitarão o texto final.

    (c) Ele vai mesmo digitar o texto final?

    (d) Eles vão mesmo digitar o texto final?


         Por que será que na frase (b) a palavra mesmo é flexionada no plural e na frase (d) não? A resposta é lógica, e encontra-se na relação que esses termos estabelecem com outros elementos da frase. No caso de (a) e (b), mesmo/s se refere a ele/s, podendo ser substituído por próprio/s; no caso de (c) e (d), mesmo se refere a vai digitar , podendo ser substituído por realmente. Se quiser ir adiante, saiba que mesmo e próprio, no primeiro caso, são pronomes e, como tal, acompanham a flexão do nome; no segundo caso, mesmo é advérbio, e como todos os advérbios são invariáveis.

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