REFORMA ORTOGRÁFICA DA LÍNGUA PORTUGUESA

ILÁZARO FIGUEIREDO

A reforma ortográfica só será obrigatória a partir de 2012, mas as novas regras já podem começar a ser aplicadas a partir de 2009. O Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa uniformiza o português do Brasil, Portugal, Cabo Verde e São Tomé e Príncipe. Veja o que muda neste texto do professor Sérgio Nogueira. 

Regras especiais

1ª) Regra dos hiatos (abolida pela reforma ortográfica):

Como era? 
Todas as palavras terminadas em “oo(s)” e as formas verbais terminadas em “-eem” recebiam acento circunflexo:

vôo, vôos, enjôo, enjôos, abençôo, perdôo; crêem, dêem, lêem, vêem, relêem, prevêem.

Como fica? 
Sem acento: voo, voos, enjoo, enjoos, abençoo, perdoo; creem, deem, leem, veem, releem, preveem.

Que não muda? 

a) Eles têm e eles vêm (terceira pessoa do plural do presente do indicativo dos verbos TER e VIR);


b) Ele contém, detém, provém, intervém (terceira pessoa do singular do presente do indicativo dos verbos derivados de TER e VIR: conter, deter, manter, obter, provir, intervir, convir); 

c) Eles contêm, detêm, provêm, intervêm (terceira pessoa do plural do presente do indicativo dos verbos derivados de TER e VIR).

Como fica? 
ELE/ELA ELES/ELAS ELE/ELA ELES/ELAS 
-ê -eem -em/-ém -êm

crê creem tem têm 
dê deem vem vêm 
lê leem contém contêm 
vê veem provém provêm

2ª) Regra do “u” e do “i” (parcialmente abolida):

Que não mudou? 
As vogais “i” e “u” recebem acento agudo sempre que formam hiato com a vogal anterior e ficam sozinhas na sílaba ou com “s”:

Gra-ja-ú, ba-ú, sa-ú-de, vi-ú-va, con-te-ú-do, ga-ú-cho, eu re-ú-no, ele re-ú-ne, eu sa-ú-do, eles sa-ú-dam;

I-ca-ra-í, eu ca-í, eu sa-í, eu tra-í, o pa-ís, tu ca-ís-te, nós ca-í-mos, eles ca-í-ram, eu ca-í-a, ba-í-a, ra-í-zes, ju-í-za, ju-í-zes, pre-ju-í-zo, fa-ís-ca, pro-í-bo, je-su-í-ta, dis-tri-bu-í-do, con-tri-bu-í-do, a-tra-í-do…

Observações: 

a) A vogal “i” tônica, antes de “NH”, não recebe acento agudo: rainha, bainha, tainha, ladainha, moinho… 

b) Não há acento agudo quando formam ditongo e não hiato: gra-tui-to, for-tui-to, in-tui-to, cir-cui-to, mui-to, sai-a, bai-a, que eles cai-am, ele cai, ele sai, ele trai, os pais… 

c) Não há acento agudo quando as vogais “i” e “u” não estão isoladas na sílaba: ca-iu, ca-ir-mos, sa-in-do, ra-iz, ju-iz, ru-im, pa-ul…

Que mudou? 
Perdem o acento agudo as palavras em que as vogais “i” e “u” formam hiato com um ditongo anterior: fei-u-ra, bai-u-ca, Bo-cai-u-va…

Como era/ como fica? 
Feiúra – feiura; 
Baiúca – baiuca; 
Bocaiúva – Bocaiuva.

3ª) Regra dos ditongos abertos “éu”, “éi” e “ói”(parcialmente abolida):

Como era? 
Acentuavam-se todas as palavras que apresentam ditongos abertos: 
ÉU: céu, réu, chapéu, troféus… 
ÉI: papéis, pastéis, anéis, idéia, assembléia… 
ÓI: dói, herói, eu apóio, esferóide…

Observações: 
a) Não se acentuam os ditongos fechados: 
EU: seu, ateu, judeu, europeu… 
EI: lei, alheio, feia… 
OI: boi, coisa, o apoio… 

b) No Brasil, colmeia e centopeia são pronunciados com o timbre aberto.

Que mudou? 
Perdem o acento agudo somente as palavras paroxítonas: ideia, epopeia, assembleia, jiboia, boia, eu apoio, ele apoia, esferoide, heroico

Que não mudou? 
O acento agudo permanece nas palavras oxítonas: dói, mói, rói, herói, anéis, papéis, pastéis, céu, réu, troféu, chapéus…

4ª) Regra do acento diferencial (parcialmente abolida):

Como era? 
Recebiam acento gráfico: 
Ele pára (do verbo PARAR - só a 3ª. pessoa do singular do presente do indicativo); 
Eu pélo, tu pélas e ele péla (do verbo PELAR); 
O pêlo, os pêlos (substantivo = cabelo, penugem); 
A pêra (substantivo = fruta – só no singular); 
O pólo, os pólos (substantivos = jogo ou extremidade).

Como fica? 
Sem acento gráfico: 
Ele para (do verbo PARAR - 3ª. pessoa do singular do presente do indicativo); 
Eu pelo, tu pelas e ele pela (do verbo PELAR); 
pelo, os pelos (substantivo = cabelo, penugem); 
pera (substantivo = fruta); 
polo, os polos (substantivos = jogo ou extremidade).

Que não mudou? 

a) PÔR (só o infinitivo do verbo): “Ele deve pôr em prática tudo que aprendeu”; POR (preposição): “Ele deve ir por este caminho”. 

b) PÔDE é a 3ª pessoa do singular do pretérito perfeito do indicativo: “Ontem ele não pôde resolver o problema”; PODE é a 3ª pessoa do singular do presente do indicativo: “Agora ele não pode sair”.

Observação: 
Sugiro que acentuemos fôrma (“fôrma de pizza”), como orienta o dicionário Aurélio, a fim de diferenciar de forma (“forma física ideal”).

Acentuação gráfica

Posição da sílaba tônica: 
Proparoxítona (sílaba tônica na antepenúltima): lido; 
Paroxítona (sílaba tônica na penúltima): palito; 
Oxítona (sílaba tônica na última): pale.

Uso dos acentos gráficos:

- Regras básicas (nada muda com a nova reforma ortográfica):

1ª) Proparoxítonas

TODAS recebem acento gráfico: 
máximo, cálice, lâmpada, elétrico, estatística, ínterim, álcool, alcoólico…

Observações: 
déficit (forma aportuguesada) ou deficit (forma latina = sem acento gráfico); 
habitat; sub judice (formas latinas); 
récorde (usual, mas sem registro nos dicionários e no Vocabulário Ortográfico da ABL) ou recorde (forma registrada).

2ª) Paroxítonas

Só recebem acento gráfico as terminadas em:

ã(s) – ímã, órfã, ímãs, órfãs; 
ão(s) – órfão, bênção, órgãos, órfãos; 
i(s) – táxi, júri, lápis, tênis; 
us – vírus, bônus, ânus, Vênus; 
um, uns – álbum, álbuns, fórum, fóruns; 
ons – íons, prótons, nêutrons; 
ps – bíceps, tríceps, fórceps; 
R – éter, mártir, açúcar, júnior; 
X – tórax, ônix, látex, Fênix; 
N – hífen, pólen, próton, elétron; 
L – túnel, móvel, nível, amável; 
ditongos – secretária, área, cárie, séries, armário, prêmios, arbóreo, água, mágoa, tênue, mútuo, bilíngue, enxáguem, deságuam…

Observações: 
Não recebem acento gráfico as paroxítonas terminadas em: 
a(s) – bola, fora, rubrica, bodas, caldas; 
e(s) – neve, aquele, cortes, dotes; 
o(s) – solo, coco, sapato, atos, rolos; 
em, ens – nuvem, item, hifens, ordens; 
am – falam, estavam, venderam, cantam.

Palavras com dupla pronúncia (com ou sem acento gráfico) 
Em negrito, está a forma preferencial:

Vejamos alguns exemplos que já aparecem nas mais recentes edições de nossos principais dicionários e no Vocabulário Ortográfico publicado pela Academia Brasileira de Letras.

ACROBATA ou ACRÓBATA 
AUTÓPSIA ou AUTOPSIA 
BIÓPSIA ou BIOPSIA 
BIOTIPO ou BIÓTIPO 
BOEMIA ou BOÊMIA 
CATÉTER ou CATETER 
CRISÂNTEMO ou CRISANTEMO 
DUPLEX ou DÚPLEX 
HIEROGLIFO ou HIERÓGLIFO 
NECRÓPSIA ou NECROPSIA 
ÔMEGA ou OMEGA 
ORTOEPIA ou ORTOÉPIA 
PROJÉTIL ou PROJETIL 
TRIPLEX ou TRÍPLEX 
XÉROX e XEROX

3ª) Oxítonas

– Só recebem acento gráfico as terminadas em: 
a(s) – sofá, atrás, maracujá, babás, dirá, falarás, encaminhá-la, encontrá-lo-á; 
e(s) – café, pontapés, você, buquê, português, obtê-lo, recebê-la-á; 
o(s) – jiló, avô, avós, gigolô, compôs, paletó, após, dispô-lo; 
em, ens – além, alguém, também, parabéns, vinténs, ele intervém, tu intervéns.

Observações: 
Não recebem acento gráfico as oxítonas terminadas em: 
i(s) – aqui, saci, Parati, anis, barris, adquiri-lo, impedi-la; 
u(s) – bauru, urubu, Nova Iguaçu, Bangu, cajus, expus; 
az, ez, oz – capaz, talvez, atroz; 
or – condor, impor, compor; 
im – ruim, assim, folhetim.

4ª) OMonossílavas

– Só recebem acento gráfico as palavras tônicas (substantivos, adjetivos, verbos, pronomes, advérbios, numerais) terminadas em: 
a(s) – pá, gás, má, más, ele dá, há, tu vás, dá-lo, já, lá; 
e(s) – fé, ré, pés, mês, que ele dê, ele vê, vê-los, tu lês, três; 
o(s) – pó, dó, nó, nós, cós, vós, pôs, pô-lo.

Observações: 
a) Não recebem acento gráfico os monossílabos tônicos terminados em: 
i(s) – ti, si, bis, quis; 
u(s) – tu, cru, nus, pus; 
az, ez, oz – paz, fez, vez, noz, voz; 
or – cor, for, dor; 
em, ens – bem, sem, trens, ele tem, ele vem, tu tens, tu vens.

b) Não recebem acento gráfico os monossílabos átonos: 
artigos definidos: o, a, os, as; 
conjunções: e, mas, se, que; 
preposições: a, de, por; 
contrações: da, das, no, nos; 
pronome relativo: que.

c) A palavra QUE recebe acento circunflexo, quando substantivada ou no fim de frase: 
As crianças tinham um quê todo especial. 
Procurava não sabia o quê
Ele viajou por quê?

Palavras que só admitem uma pronúncia, mas deixam dúvidas. 
(marcamos a sílaba tônica, para reforçar a pronúncia culta)

1. ACÓRDÃO (acordo judicial) 
2. ACORDÃO (aumentativo de acordo) 
3. AMBROSI
4. ARGUI (ele = presente do indicativo) 
5. ARGUI (eu = pretérito perfeito do indicativo) 
6. QUI (cor) 
7. CAQUI (fruta) 
8. CIRCUITO 
9. CLIRIS 
10. CLÍTORIS (pedra) 
11. ESTRAGIA 
12. FILANTROPO 
13. FLUIDO (substantivo) 
14. FLUÍDO (particípio do verbo FLUIR) 
15. FORTUITO 
16. GRATUITO 
17. IBERO 
18. ÍNTERIM 
19. TEX 
20. MAQUINARI
21. MAQUIRIO 
22. MISTER (necessário) 
23. MOLITO 
24. NOBEL 
25. OCEANI
26. ÔNIX 
27. RECORDE 
28. RUBRICA

Uso do trema (totalmente abolido)

Como era?

Usávamos o trema na vogal “u” (pronunciada e átona), antecedida de Q ou G e seguida de E ou I. O objetivo do trema era distinguir a vogal “u” muda (= não pronunciada) da vogal “u” pronunciada:

QUE = quente, questão, quesito; QÜE = freqüente, seqüestro, delinqüente; 
QUI = quilo, adquirir, química; QÜI = tranqüilo, eqüino, iniqüidade; 
GUE = guerra, sangue, larguemos; GÜE = agüentar, bilíngüe, enxagüemos; 
GUI = guitarra, distinguir, seguinte; GÜI = lingüiça, pingüim, argüir.

Palavras que recebiam trema: 
agüentar, argüir, argüição, averigüemos, apazigüemos, bilíngüe, cinqüenta, conseqüência, conseqüente, delinqüência, delinqüente, deságüe, enxágüe, freqüência, freqüente, lingüiça, pingüim, qüinquagésimo, qüinqüênio, qüinqüenal, sagüi, seqüência, seqüestro, tranqüilo… 

Palavras que não recebiam trema: 
adquirir, distinguir, distinguido, extinguido, extinguir, seguinte, por conseguinte, questão, questionar, questionário…

Como fica? Todas sem trema: 
aguentar, arguir, arguição, averiguemos, apaziguemos, bilíngue, cinquenta, consequência, consequente, delinquência, delinquente, deságue, enxágue, frequência, frequente, linguiça, pinguim, quinquagésimo, quinquênio, quinquenal, sagui, sequência, sequestro, tranquilo; adquirir, distinguir, distinguido, extinguido, extinguir, seguinte, por conseguinte, questão, questionar, questionário.

Observações:

a) Não esqueça que jamais houve trema quando a vogal “u” estava 
seguida de “o” ou “a”: ambíguo, longínquo, averiguar, adequado… 

b) Se a vogal “u” fosse pronunciada e tônica, deveríamos usar acento 
agudo em vez do trema: que ele averigúe, que eles apazigúem, ele argúi, eles argúem… Este acento também foi abolido: que ele averigue, que eles apaziguem, ele argui, eles arguem… 

c) Palavras com dupla pronúncia (o uso do trema era facultativo). Com a 
reforma ortográfica, seremos obrigados a escrever sem trema: 
antiguidade, antiquíssimo, equidistante, liquidação, liquidar, liquidez, liquidificador, líquido,sanguinário, sanguíneo. 

d) Também com dupla pronúncia (sempre sem trema): 
Catorze e quatorze 
Cota OU quota 
Cotizar OU quotizar 
Cotidiano OU quotidiano

 

Hífen

Nas formações com prefixos

(ANTE, ANTI, ARQUI, AUTO, CIRCUM, CO, CONTRA, ENTRE, EXTRA, HIPER, INFRA, INTER, INTRA, SEMI, SOBRE, SUB, SUPER, SUPRA, ULTRA…) e em formações com falsos prefixos (AERO, FOTO, MACRO, MAXI, MICRO, MINI, NEO, PAN, PROTO, PSEUDO, RETRO, TELE…), só se emprega o hífen nos seguintes casos:

a) Nas formações em que o segundo elemento começa por “H”: ante-histórico, anti-higiênico, anti-herói, anti-horário, auto-hipnose, circum-hospitalar, co-herdeiro, infra-hepático, inter-humano, hiper-hidratação, neo-hamburguês, pan-helênico, proto-história, semi-hospitalar, sobre-humano, sub-humano, super-homem, ultra-hiperbólico…

Observação: Não se usa, no entanto, o hífen em formações que contêm em geral os prefixos “DES-“ e “IN-“ e nas quais o segundo elemento perdeu o “h” inicial: desumano, desarmonia, desumidificar, inábil, inumano…

b) Nas formações em que o prefixo ou pseudoprefixo termina na MESMA VOGAL com que se inicia o segundo elemento: auto-observação, anti-imperialismo, anti-inflacionário, anti-inflamatório, arqui-inimigo, arqui-irmandade, contra-almirante, contra-ataque, infra-assinado, infra-axilar, intra-abdominal, proto-orgânico, re-eleger, semi-inconsciência, semi-interno, sobre-erguer, supra-anal, supra-auricular, ultra-aquecido, eletro-ótica, micro-onda, micro-ônibus… 

Observações: 

1ª) Nas formações com o prefixo “CO-“, este aglutina-se em geral com o segundo elemento mesmo quando iniciado por “o”: coobrigação, coocupante, cooperar, cooperação, coordenar… 

2ª) Nas formações com os prefixos “CIRCUM-“ e “PAN-“, quando o segundo elemento começa por “h”, vogal, “m” ou “n”, devemos usar o hífen: circum-hospitalar, circum-escolar, circum-murado, circum-navegação, pan-africano, pan-americano, pan-mágico, pan-negritude…

3ª) Com os prefixos AUTO, CONTRA, EXTRA, INFRA, INTRA, NEO, PROTO, PSEUDO, SEMI, SUPRA, ULTRA, ANTE, ANTI, ARQUI e SOBRE, se o segundo elemento começa por “s” ou “r”, devemos dobrar as consoantes, em vez de usar o hífen:

Como era: 
auto-retrato, auto-serviço, auto-suficiente, auto-sustentável, contra-reforma, contra-senso, infra-renal, infra-som, intra-racial, neo-romântico, neo-socialismo, pseudo-rainha, pseudo-representação, pseudo-sábio, semi-reta, semi-selvagem, supra-renal, supra-sumo, ultra-radical, ultra-romântico, ultra-som, ultra-sonografia, ante-republicano, ante-sala, anti-rábico, anti-racista, anti-radical, anti-semita, anti-social, arqui-rival, arqui-sacerdote, sobre-renal, sobre-roda, sobre-saia, sobre-salto…

Como fica: 
autorretrato, autosserviço, autossuficiente, autossustentável, contrarreforma, contrassenso, infrarrenal, infrassom, intrarracial, neorromântico, neossocialismo, pseudorrainha, pseudorrepresentação, pseudossábio, semirreta, semisselvagem, suprarrenal, suprassumo, ultrarradical, ultrarromântico, ultrassom, ultrassonografia, anterrepublicano, antessala, antirrábico, antirracista, antirradical, antissemita, antissocial, arquirrival, arquissacerdote, sobrerrenal, sobrerroda, sobressaia, sobressalto…

Com os prefixos terminados em vogal, se o segundo elemento começa por uma vogal diferente, devemos escrever sem hífen:

Como era: 
auto-adesivo, auto-análise, auto-idolatria, contra-espião, contra-indicação, contra-ordem, extra-escolar, extra-oficial, infra-estrutura, intra-ocular, intra-uterino, neo-acadêmico, neo-irlandês, proto-evangelho, pseudo-artista, pseudo-edema, semi-aberto, semi-alfabetizado, semi-árido, semi-escravidão, semi-úmido, ultra-elevado, ultra-oceânico…

Como fica: 
autoadesivo, autoanálise, autoidolatria, contraespião, contraindicação, contraordem, extraescolar, extraoficial, infraestrutura, intraocular, intrauterino, neoacadêmico, neoirlandês, protoevangelho, pseudoartista, pseudoedema, semiaberto, semialfabetizado, semiárido, semiescravidão, semiúmido, ultraelevado, ultraoceânico…

Uso do hífen com prefixo

1ª) Com os prefixos AUTO, CONTRA, EXTRA, INFRA, INTRA, NEO, PROTO, PSEUDO, SEMI, SUPRA e ULTRA, segundo o novo acordo ortográfico, só devemos usar hífen se a palavra seguinte começar por “h” ou vogal igual à vogal final do prefixo:

auto-hipnose, auto-observação; contra-almirante, contra-ataque; extra-hepático; infra-assinado, infra-hepático; intra-adnominal, intra-hepático; neo-hamburguês; proto-história, proto-orgânico; semi-inconsciência, semi-interno, supra-anal, supra-hepático; ultra-aquecido, ultra-hiperbólico.

Observação: 
Com as demais letras, devemos escrever “tudo junto”, sem hífen (pela regra antiga, usávamos hífen quando a palavra seguinte começava por H, R , S e qualquer vogal):

1 ) autoadesivo, autoanálise, autobiografia, autoconfiança, autocontrole, autocrítica, autodestruição, autodidata, autoescola, autógrafo, autoidolatria, automedicação, automóvel, autopeça, autopiedade, autopromoção, autorretrato, autosserviço, autossuficiente, autossustentável, autoterapia;

2 ) contrabaixo, contraceptivo, contracheque, contradança, contradizer, contraespião, contrafilé, contragolpe, contraindicação, contramão, contraordem, contrapartida, contrapeso, contraponto, contraproposta, contraprova, contrarreforma, contrassenso, contraveneno;

3 ) extraconjugal, extracurricular, extraditar, extraescolar, extragramatical, extrajudicial, extraoficial, extrapartidário, extraterreno, extraterrestre, extratropical, extravascular.

4 ) infracitado, infraestrutura, inframaxilar, infraocular, infrarrenal, infrassom, infravermelho, infravioleta;

5 ) intracelular, intracraniano, intracutâneo, intragrupal, intralinguístico, intramolecular, intramuscular, intranasal, intranet, intraocular, intrarracial, intratextual, intrauterino, intravenoso, intrazonal;

6 ) neoacadêmico, neobarroco, neoclassicismo, neocolonialismo, neofascismo, neofriburguense, neoirlandês, neolatino, neoliberal, neologismo, neonatal, neonazista, neorromântico, neossocialismo, neozelandês;

7 ) protocolar, protoevangelho, protofonia, protagonista, protoneurônio, prototórax, protótipo, protozoário.

8 ) pseudoartista, pseudocientífico, pseudoedema, pseudofilosofia, pseudofratura, pseudomembrana, pseudoparalisia, pseudopneumonia, pseudópode, pseudoproblema, pseudorrainha, pseudorrepresentação, pseudossábio;

9 ) semiaberto, semialfabetizado, semiárido, semibreve, semicírculo, semiconsciência, semidestruído, semideus, semiescravidão, semifinal, semiletrado, seminu, semirreta, semisselvagem, semitangente, semitotal, semiúmido, semivogal;

10 ) supracitado, supramencionado, suprapartidário, suprarrenal, suprassumo, supravaginal;

11 ) ultracansado, ultraelevado, ultrafamoso, ultrafecundo, ultrajudicial, ultraliberal, ultramarino, ultranacionalismo, ultraoceânico, ultrapassagem, ultrarradical, ultrarromântico, ultrassensível, ultrassom, ultrassonografia, ultravírus.

 

2ª) Com os prefixos ANTE, ANTI, ARQUI e SOBRE, só devemos usar hífen se a palavra seguinte começar com “h” ou vogal igual à vogal final do prefixo (pela regra antiga, usávamos o hífen quando a palavra seguinte começava por H, R ou S):

1 ) antebraço, antecâmara, antecontrato, antediluviano, antegozar, ante- 
histórico, antejulgar, antemão, anteontem, antepenúltimo, anteprojeto, anterrepublicano, antessala, antevéspera, antevisão;

2 ) antiabortivo, antiácido, antiaéreo, antialérgico, anticapitalista, anticlímax, 
anticoncepcional, antidepressivo, antidesportivo, antiético, antifebril, antigripal, anti-hemorrágico, anti-herói, anti-horário, anti-imperialismo, anti-inflacionário, antimíssil, antiofídico, antioxidante, antipatriótico, antirrábico, antirradicalista, antissemita, antissocial, antiterrorismo, antitetânico, antivírus;

3 ) arquibancada, arquidiocese, arquiduque, arqui-hipérbole, arqui- 
inimigo, arquimilionário, arquipélago, arquirrival, arquissacerdote;

4 ) sobreaviso, sobrebainha, sobrecapa, sobrecarga, sobrecomum, 
sobrecoxa, sobre-erguer, sobre-humano, sobreloja, sobremesa, sobrenatural, sobrenome, sobrepasso, sobrerrenal, sobrerroda, sobressaia, sobressalto, sobretaxa, sobretudo, sobreviver, sobrevoo.

 

3ª) Com os prefixos HIPER, INTER e SUPER, só haverá hífen se a palavra seguinte começar por “h” ou “r” (essa regra não foi alterada):

1) hiperativo, hiperglicemia, hiper-hidratação, hiper-humano, hiperinflação, hipermercado, hipermiopia, hiperprodução, hiper-realismo, hiper-reativo, hipersensibilidade, hipertensão, hipertiroidismo, hipertrofia;

2) interação, interativo, intercâmbio, intercessão, interclubes, intercolegial, intercontinental, interdisciplinar, interescolar, interestadual, interface, inter-helênico, inter-humano, interlinguístico, interlocutor, intermunicipal, internacional, interocular, interplanetário, inter-racial, inter-regional, inter-relação, interseção, intertextualidade, intervocálico;

3) superaquecido, supercampeão, supercílio, superdosagem, superfaturado, super-habilidade, super-homem, superinvestidor, superleve, superlotado, supermercado, superpopulação, super-reativo, super-requintado, supersecreto, supersônico, supervalorizado, supervisionar.

 

4ª) Com o prefixo SUB, só haverá hífen se a palavra seguinte começar por “b” ou “r”:

subaquático, sub-base, subchefe, subclasse, subcomissão, subconjunto, subcutâneo, subdelegado, subdiretor, subdivisão, subeditor, subemprego, subentendido, subestimar, subfaturado, subgrupo, subitem, subjacente, subjugado, sublingual, sublocação, submundo, subnutrido, suboficial, subpovoado, subprefeito, sub-raça, sub-reino, sub-reitor, subseção, subsíndico, subsolo, subterrâneo, subtítulo, subtotal.

Segundo a regra antiga, se a palavra seguinte começasse pela letra “H”, deveríamos escrever sem hífen: subepático e subumano. As novas edições de nossos principais dicionários já registram as formas com hífen, como prefere o novo acordo ortográfico: sub-hepático e sub-humano.

 

5ª) Vejamos alguns casos em que não se usava o hífen. Deveríamos escrever sempre “tudo junto” (= sem hífen). Segundo o novo acordo ortográfico, devemos usar o hífen se o segundo elemento começar por “h” ou por vogal igual à vogal final do pseudoprefixo:

AERO – aeroespacial, aeronave, aeroporto; 
AGRO – agroindustrial; 
ANFI – anfiartrose, anfíbio, anfiteatro; 
AUDIO – audiograma, audiometria, audiovisual; 
BI(S) – bianual, bicampeão, bigamia, bisavô, bisneto; 
BIO – biodegradável, biofísica, biorritmo; 
CARDIO – cardiopatia, cardiopulmonar, cardiovascular; 
CENTRO – centroavante, centromédio, centrossimetria; 
DE(S) – desacerto, desarmonia, despercebido; 
ELETRO – eletrocardiograma, eletrodoméstico, eletromagnetismo, eletrossiderurgia;
ESTEREO – estereofônico, estereofotografia, estereoquímico; 
FOTO – fotogravura, fotomania, fotossíntese; 
HIDRO – hidroavião, hidroelétrico; 
MACRO – macroeconomia; 
MAXI – maxidesvalorização; 
MICRO – microcomputador, micro-onda, micro-ônibus, microrradiografia; 
MINI – minidicionário, mini-hotel, minissaia, minirreforma; 
MONO – monobloco, monossílabo; 
MORFO – morfossintaxe, morfologia; 
MOTO – motociclismo, motosserra; 
MULTI – multicolorido, multissincronizado; 
NEURO – neurocirurgião; 
ONI – onipresente, onisciente; 
ORTO – ortografia, ortopedia; 
PARA – paramilitares, parapsicologia; 
PLURI – plurianual; 
PENTA – pentacampeão, pentassílabo; 
PNEUMO – pneumotórax, pneumologia; 
POLI – policromatismo, polissíndeto; 
PSICO – psicolinguística, psicossocial; 
QUADRI – quadrigêmeos; 
RADIO – radioamador; 
RE – re-erguer, re-eleger, rever, rerratificação; 
RETRO – retroagir, retroprojetor; 
SACRO – sacrossanto; 
SOCIO – sociolinguístico, sociopolítico; 
TELE – telecomunicações, tele-entrega, televendas, telessexo; 
TERMO – termodinâmica, termoelétrica; 
TETRA – tetracampeão, tetraplégico; 
TRI – tridimensional, tricampeão; 
UNI – unicelular; 
ZOO – zootecnia, zoológico.

 

Prefixos sempre seguidos de hífen:

Além – além-mar, além-túmulo; 
Aquém – aquém-fronteiras, aquém-mar; 
Bem – bem-amado, bem-querer (exceções: bendizer, benquisto); 
Ex (= anterior) – ex-senador, ex-esposa; 
Grã – grã-duquesa, grã-fino; 
Grão (= grande) – grão-duque, grão-mestre; 
Pós (tônico) – pós-moderno, pós-meridiano, pós-cabralino; 
Pré (tônico) – pré-nupcial, pré-estréia, pré-vestibular; 
Pró (tônico) – pró-britânico, pró-governo; 
Recém – recém-chegado, recém-nascido, recém-nomeado; 
Sem – sem-número (= inúmeros), sem-terra, sem-teto, sem-vergonha; 
Sota/soto – sota-piloto, soto-mestre; 
Vice/vizo – vice-diretor, vizo-rei.

Observação: 
Com o prefixo “CO-“, o uso do hífen era obrigatório: co-autor, co-fundador, co-seno, co-tangente…

Com o novo acordo ortográfico, o hífen só será obrigatório se o segundo elemento começar por “H” ou vogal igual: co-herdeiro, co-organização, coautor, cofundador, cosseno, cotangente.

Nas formações com o prefixo “CO-“, este aglutina-se em geral com o segundo elemento mesmo quando iniciado por “o”: coobrigação, coocupante, cooperar, cooperação, coordenar… 

Devemos usar o hífen:

1) Para dividir sílabas: or-to-gra-fi-a, gra-má-ti-ca, ter-ra, per-do-o, ra-i-nha, trans-for-mar, tran-sa-ção, su-bli-me, sub-li-nhar, rit-mo…


2) Com pronomes enclíticos e mesoclíticos: encontrei-o, recebê-lo, reunimo-nos, encontraram-no, dar-lhe, tornar-se-á, realizar-se-ia… 

3) Antes de sufixo -(GU)AÇU, -MIRIM, -MOR: capim-açu, araçá-guaçu, araçá-mirim, guarda-mor… 

4) Em compostos em que o primeiro elemento é forma apocopada (BEL-, GRÃ-, GRÃO- …) ou verbal: bel-prazer, grã-fino, grão-duque, el-rei, arranha-céu, cata-vento, quebra-mola, para-lama, beija-flor… 

5) Em nomes próprios compostos que se tornaram comuns: santo-antônio, dom-joão, gonçalo-alves… 

6) Em nomes gentílicos: cabo-verdiano, porto-alegrense, espírito-santense, mato-grossense… 

7) Em compostos em que o primeiro elemento é numeral: primeiro-ministro, primeira-dama, segunda-feira, terça-feira… 

8) Em compostos homogêneos (dois adjetivos, dois verbos): técnico-científico, luso-brasileiro, azul-claro, quebra-quebra, corre-corre, zigue-zague… 

9) Em compostos de dois substantivos em que o segundo faz papel de adjetivo: carro-bomba, bomba-relógio, laranja-lima, manga-rosa, tamanduá-bandeira, caminhão-pipa… 

10) Em composto em que os elementos, com sua estrutura e acento, perdem a sua significação original e formam uma nova unidade semântica: copo-de-leite, pé-de-moleque, couve-flor, tenente-coronel, pé-frio, unha-de-fome…

0 comentários:

Postar um comentário